Fundação Renova

Fundação Renova avança no modelo de governança e aponta os desafios da indenização

Publicado em: 26/07/2018

O modelo de governança da Fundação Renova experimenta um momento de aprimoramento com a ampliação da participação das comunidades atingidas nas definições das medidas adotadas para reparar os danos provocados pelo rompimento da barragem de Fundão. Em junho, o TAC Governança garantiu que pessoas que sofreram os impactos da tragédia ocupem cadeiras em todas as instâncias de decisão e monitoramento.

Assim, essa estrutura de gestão integrada, colegiada e participativa, na qual há o envolvimento dos atingidos, das organizações civis, da academia, do poder público e dos especialistas, ganhou em legitimidade e transparência, reforçando a implementação das soluções que integram os 42 programas da Fundação Renova.

Muito foi feito e há muito o que fazer. A obtenção da licença ambiental e o desenho das casas de cada morador são avanços importantes no reassentamento de Bento Rodrigues. Estudos para avaliar o impacto sobre as águas e a biodiversidade do rio Doce estão em pleno andamento. Fundos de fomento e programas de incentivo à contratação local estão ajudando as cidades atingidas a retomar sua economia.

Algumas ações, no entanto, passam por desafios constantes. É o caso do pagamento de indenizações e auxílios financeiros. Criado como alternativa mais ágil em relação ao processo de judicialização, o programa destinou, até o momento, cerca de R$ 1 bilhão para compensar danos nas regiões impactadas, de Mariana (MG) a Regência (ES).

Mais de 260 mil pessoas que perderam renda ou bens materiais ou tiveram o abastecimento de água interrompido foram indenizadas até agora. Mas, para avançar mais, é preciso que as políticas e diretrizes elaboradas para reconhecer todas as pessoas, famílias e proprietários que tenham direito a compensação financeira sejam debatidas e oficializadas em diversas instâncias antes de serem efetivadas, o que faz a Fundação lutar contra o tempo diante da urgência de quem perdeu tanto.

Números da reparação

Base: julho/2018

  • Cerca de R$ 1 bilhãopagos em indenizações e auxílios financeiros
  • 22 mil assistidos por meio dos 9.350 cartões de auxílio financeiro
  • R$ 500 milhõesdisponibilizados para o tratamento de esgoto dos municípios atingidos
  • R$ 40 milhõesdisponíveis no Fundo Desenvolve Rio Doce para financiar microempresas e empresas de médio porte, com empréstimos que vão de R$ 10 mil a R$ 200 mil
  • 718 obras de infraestrutura
  • 92 pontos de coleta de dados para monitoramento da qualidade da água do rio Doce, sendo 22 estações automáticas que avaliam 80 indicadores
  • 200 pontos para monitorar a biodiversidade marinha do trecho que vai de Guarapari (ES) a Porto Seguro (BA)
  • 000 bens e fragmentos culturais sacros resgatados e conservados
  • 511 nascentes protegidas e outras 500 em processo de cercamento
  • 113 afluentes impactados reabilitados

Saiba mais

Reassentamento Bento Rodrigues

Em 5 de julho, a Fundação Renova obteve, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o licenciamento ambiental para o reassentamento de Bento Rodrigues. Após a obtenção da anuência da Secretaria de Estado de Cidades e de Integração Regional (Secir), bem como a emissão do alvará pela Prefeitura de Mariana, será possível iniciar as obras de infraestrutura do novo distrito como pavimentação, drenagem, redes de esgoto, distribuição de água e de energia. Além disso, está em andamento o desenho das casas, com o protagonismo dos atingidos. 

Biodiversidade

A Fundação Renova está realizando o monitoramento da fauna e flora terrestres de toda a bacia do rio Doce. Esse estudo, conduzido pela empresa Bicho do Mato Meio Ambiente, vai identificar, descrever e reparar os impactos provocados pelos rejeitos. Além desse trabalho, há uma parceria com a Fundação Espírito-Santense de Tecnologia para monitorar a biodiversidade aquática. Esse trabalho acontece em cerca de 200 pontos de toda a porção capixaba do rio Doce e da região que vai de Guarapari (ES) a Porto Seguro (BA) e vai investigar de bactérias a baleias, além de qualidade da água, sedimentos, condições de marés e ondas, manguezais e restingas.

Fomento à economia

Em apenas 8 meses de operação, o Fundo Desenvolve Rio Doce já atendeu a 412 microempresas e empresas de médio porte que estão em municípios atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão. Criada para dinamizar a

economia da região, por meio de condições diferenciadas de acesso a crédito e capital de giro, a linha já concedeu R$ 12,5 milhões para 275 empresas de Minas Gerais e 189 do Espírito Santo (dados atualizados em maio de 2018). Dos 39 municípios atingidos pelo rompimento, 23 já tiveram empresas beneficiadas por essa linha de crédito.

Veja o que mudou com o TAC Governança

A Fundação Renova sempre defendeu a maior participação dos atingidos. E essa mudança dependia de um consenso que nem sempre é fácil de ser alcançado. Essa lacuna acaba de encontrar solução por meio da negociação liderada pela força-tarefa do Ministério Público, garantindo que todas as instâncias da governança da Fundação Renova, incluindo o Comitê Interfederativo, passem a ter membros das comunidades atingidas, que irão indicar seus representantes soberanamente. Isso significa que todas as decisões sobre o processo de reparação serão tomadas com o efetivo envolvimento de quem teve sua vida impactada pelo rompimento da barragem de Fundão.

Atingidos

  • Os atingidos passam a participar das decisões tomadas em todo o sistema de governança, nos desenhos das ações e no monitoramento dos programas
  • Os diferentes fóruns onde as demandas são discutidas terão representação dos atingidos

Comissões Locais

Como é hoje

  • Apenas Mariana e Barra Longa contam com comissões de atingidos e assessoria (Cáritas e Aedas, respectivamente)

Como fica

  • Estrutura mais próxima das comunidades
  • As comissões serão formadas voluntariamente por atingidos
  • Previsão inicial de 19 comissões, com máximo de uma comissão por município listado no TTAC – estudo para expansão será feito em 1 ano
  • Povos indígenas, demais povos e comunidades tradicionais também terão representatividade
  • Composição e funcionamento serão definidos pelas próprias comissões, que receberão apoio de assessorias técnicas externas
  • Assessorias terão parâmetros definidos por especialistas que trabalham para o MP – chamados de experts
  • Previsão de constituição das primeiras comissões: 6 meses
  • Missões das comissões:
    • Propor ajustes nas ações em andamento no território sob sua abrangência
    • Conhecer, entender e supervisionar o trabalho da Fundação Renova em andamento em seu respectivo território
    • Manter a comunidade informada do que está previsto e acontece localmente

Câmaras Regionais

Como é hoje

  • Não existem Câmaras Regionais

Como fica

  • Criação de até 6 Câmaras Regionais
  • Objetivo: equalizar as ações que ocorrem nos municípios para que fiquem de acordo com seus vizinhos
  • As CRs terão constituição e organização independentes
  • As CRs terão acesso às assessorias técnicas
  • Não são hierarquicamente superiores às Comissões Locais
  • Essas Comissões Regionais podem propor ações e programas, que serão encaminhados nos mesmos moldes das Locais
  • Os critérios para indicações serão definidos internamente pelas Comissões Locais e Câmaras Regionais

CIF

Como é hoje

  • Presidido pelo Ibama, conta com 14 membros
  • Composto por representantes da União, dos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo e dos municípios impactados, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, ICMBio, Agência Nacional das Águas, Funai e autarquias estaduais do meio ambiente e gestão de águas
  • É independente da Fundação Renova

Como fica

  • Ganham assentos: 3 representantes dos atingidos, 2 membros do MP e 1 da Defensoria Pública.
  • Representantes do MP e da Defensoria só têm direito a voz, mas não a voto
  • Mantém a independência em relação à Fundação Renova

Câmaras Técnicas

Como é hoje

  • Suas decisões são indicativas e não deliberativas
  • São 10 CTs em atividade atualmente

Como fica

  • Ganham assentos: 1 representante do MP, 1 da Defensoria Pública e indicados pelos atingidos
  • Os indicados pelos atingidos terão assistência das assessorias técnicas

Conselho Consultivo

Como é hoje

  • Zela pelo cumprimento dos objetivos da Fundação Renova
  • 17 pessoas fazem parte do Conselho: 5 representantes da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, 2 indicados pela Comissão Interministerial para Recursos do Mar, 1 indicado pelo MPF, 1 indicado pelos MPs de Minas Gerais e Espírito Santo, 2 do Conselho Curador da Fundação Renova, 1 do CIF e 5 representantes das comunidades atingidas indicados pelo CIF

Como fica

  • Os representantes dos atingidos passam a ser 7 e serão indicados pelas Comissões Locais
  • 4 representantes da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, 7 representantes dos atingidos, 2 representantes de ONGs ligadas à vida marinha (indicação do CIF) e direitos ambientais (indicação do MP), 3 representantes de instituições acadêmicas (indicados por Fundação Renova, CIF e MP), 2 membros de ONGs atuantes em direitos humanos (indicados por MP e Defensoria) e 1 representante de entidade atuante em desenvolvimento econômico (indicação da Renova)

Conselho Curador

Como é hoje

  • Composição: 6 representantes das mantenedoras e 1 membro indicado pelo CIF

Como fica

  • Ganham assento: 2 representantes indicados pelas Câmaras Regionais
  • O MP permanece como convidado, mas não é membro
  • Decisões continuam a ser tomadas por maioria simples 

Fórum dos Observadores

Como é hoje

  • Não existe nos termos do TTAC original

Como fica

  • Órgão externo à Fundação Renova
  • Será composto por representantes da sociedade civil, da academia, das pessoas, dos povos e das comunidades tradicionais atingidos
  • Terá como objetivo acompanhar o que está sendo feito na recuperação dos locais atingidos pelo rompimento
  • O Fórum vai seguir o trabalho dos especialistas do MP e também vai subsidiar o MP sobre o andamento das ações

 

 

 


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