Fundação Renova

Famílias da foz do rio Doce apostam na criação de abelhas para a produção de mel como fonte de renda

Publicado em: 05/04/2019

Projeto de meliponicultura em quatro comunidades de Linhares tem expectativa de produzir até 1 tonelada do alimento por ano

Moradores da foz do rio Doce, em Linhares (ES), estão se dedicando a uma nova atividade para a geração de renda: a meliponicultura, criação de abelhas sem ferrão. A ideia é comercializar o mel e ainda incrementar a produção agrícola das famílias, já que o inseto é um importante polinizador. A iniciativa faz parte das ações da Fundação Renova de incentivo à economia local.

Nesta primeira etapa, o projeto contempla 36 famílias de quatro comunidades: Regência, Povoação, Areal e Entre Rios. O objetivo é entregar, até meados do ano que vem, 216 colônias para a criação das abelhas. Serão utilizadas as espécies Jataí, Mandaçaia e Uruçu-amarela. Juntas, elas poderão produzir até 1 tonelada de mel por ano.

O trabalho é realizado por meio de um convênio com a Associação dos Meliponicultores do Estado do Espírito Santo (AME-ES), que presta toda a assessoria técnica às famílias. Cerca de 120 pessoas já foram capacitadas, com treinamento, oficinas, visitas e informações como manejo e legislação.

A escolha das abelhas sem ferrão, diferentemente da apicultura, levou em consideração a vocação da região, a segurança dos produtores e a facilidade de manipulação. A produção também pode ser feita em área urbana, e o mel é considerado de excelente qualidade e de alto custo-benefício no mercado.

De acordo com Kadio Serge Aristide, analista de Programas Socioeconômicos da Fundação Renova, além da venda do mel, as famílias também poderão ter renda por meio da comercialização dos subprodutos. “A cera é muito utilizada para uso medicinal e estético. Atualmente, o pólen desidratado, rico em nutrientes,também tem sido vendido como complemento nutricional”, explica.

 

Sustentabilidade

Além de ser fonte de renda, as abelhas, por meio da polinização, ajudam no reflorestamento e na melhoria da qualidade da produção agrícola. Esse benefício já é sentido por Gleide Maria Aparecida Ferreira, moradora de Regência, que começou a criar abelhas em sua propriedade por meio do projeto. A atividade, que a princípio não chamava muito a atenção, hoje é a paixão de Gleide.

“Estou totalmente envolvida com o projeto. É um trabalho que faz bem para a mente. Na minha propriedade, tenho plantação de banana, milho, abóbora, melancia, e já vejo como a produção aumentou por causa da polinização. Quando me apresentaram o projeto, pensei em ter três ou quatro colmeias. Agora, meu objetivo é ter 50, 100”, conta.

Hoje, ela já produz mel para o consumo da família, mas espera iniciar a comercialização até o ano que vem. O projeto está em fase de instalação de meliponários e início da produção. Assim como Gleide, as famílias devem ter volume para comercialização em 2020.“A tendência é produzir cada vez mais porque as colmeias se multiplicam. Com a capacitação, eu já consegui fazer o manejo ea multiplicação sem a ajuda dos técnicos da AME”, diz Gleide.

 

Sobre a Fundação Renova

A Fundação é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, constituída com o exclusivo propósito de gerir e executar, com autonomia técnica, administrativa e financeira, os programas e ações de reparação e compensação socioeconômica e socioambiental para recuperar, remediar e reparar os impactos gerados a partir do rompimento da Barragem de Fundão, com transparência, legitimidade e senso de urgência.

A Fundação foi estabelecida por meio de um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado entre Samarco, suas acionistas, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de uma série de autarquias, fundações e institutos (como Ibama, Instituto Chico Mendes, Agência Nacional de Águas, Instituto Estadual de Florestas, Funai, Secretarias de Meio Ambiente, dentre outros), em março de 2016.


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