Yone Fonseca, líder das ações relacionadas ao uso da água, apresentou um panorama sobre o andamento das ações de monitoramento da bacia do Rio Doce, melhorias do sistema de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto
Na última sexta-feira, 29 de setembro, a líder das ações relacionadas ao uso da água, da Fundação Renova, Yone Fonseca, detalhou e esclareceu dúvidas sobre os trabalhos conduzidos nas áreas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão.
No início da conversa, Yone apresentou um panorama das três frentes de trabalho que compõem a gestão do uso da água:
- Monitoramento da bacia do Rio Doce;
- Melhoria do sistema de abastecimento de água e
- Coleta e Tratamento de Esgoto.
Desde o rompimento, em novembro de 2015, até julho de 2017, mais de 181 pontos de amostragem foram monitorados, em mais de 150 parâmetros. Segundo Yone, quase 80 mil dados foram coletados e, com base neste estudo, é possível dizer que as ações de recuperação estão sendo efetivas para a melhoria da qualidade da água. “Hoje, podemos afirmar que a qualidade do rio é praticamente a mesma de antes do rompimento da barragem da barragem de Fundão”, comenta Yone.

A líder das ações relacionadas ao uso da água, Yone Fonseca, detalhou e esclareceu dúvidas sobre os trabalhos conduzidos pela Fundação Renova nas áreas de Monitoramento da Bacia do Rio Doce, Melhoria do Sistema de Abastecimento de Água e Coleta e Tratamento de Esgoto. | Foto: Divulgação
Esta afirmação só é possível porque, desde 1997, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) monitora regularmente as águas do Rio Doce. O último relatório, de julho de 2017, mostra que a presença de manganês, ferro, alumínio e chumbo já se compara ao nível de antes do rompimento.
Em julho de 2016, a Fundação Renova iniciou o monitoramento automático, por meio de 22 novas estações, além de análises laboratoriais para o acompanhamento da água e de sedimentos em 56 pontos ao longo do Rio Doce e em 36 pontos da zona costeira. Os dados coletados por estas estações automáticas vão para um banco de dados, que é compartilhado com todos os órgãos ambientais, em tempo real, para que eles também monitorem e fiscalizem as condições do rio. Esse conjunto avaliará continuamente, por 10 anos, cerca de 80 indicadores, como turbidez, vazão, presença de metais, contaminações por coliformes, pesticidas, entre outros. “Todo esse monitoramento faz com que a bacia do Rio Doce seja a mais monitorada do Brasil”, afirma Yone.
Sobre a melhoria do sistema de abastecimento de água, Yone explica que o foco dessa frente é reduzir o risco de desabastecimento nas 24 localidades que captavam água do Rio Doce e que ficaram sem água após o rompimento. Um dos objetivos do programa é descobrir qual a disponibilidade hídrica de cada uma delas e desenvolver meios de captação alternativos ao rio. Independente disso, Yone salienta que o Rio Doce ainda tem a melhor água para ser tratada. “A Agência Nacional das Águas (ANA) já afirmou que o rio tem total capacidade de tratabilidade e que a população não precisa ter medo. Todas as estações de tratamento de água têm plenas condições de oferecer água de qualidade”, disse.
A construção de adutoras, a abertura de poços e as melhorias nas estações de tratamento de água (ETAs) são algumas das medidas em execução. Esses sistemas alternativos deverão responder por, pelo menos, 30% do consumo em cidades com até 100 mil habitantes e, no mínimo, por 50% em localidades maiores.
Sobre coleta e tratamento de esgoto, Yone explica que o programa administra os R$ 500 milhões determinados pelo Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) para a construção de Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) e de aterros sanitários para 39 municípios, entre Mariana (MG) e Regência (ES). Na região afetada pelo rompimento, 80% do esgoto doméstico segue para os rios sem tratamento e praticamente todo o resíduo sólido coletado vai para lixões, comprometendo os lençóis subterrâneos. Mudar essa realidade depende do engajamento das diversas prefeituras, que têm dificuldades técnicas para lidar com a gravidade da situação.
Durante a transmissão, os usuários puderam interagir e enviar dúvidas, críticas e sugestões. Francisco Tenório, por exemplo, perguntou se existe algum projeto efetivo para reduzir a emissão de poluentes e facilitar a recuperação do Rio Doce. Yone esclareceu que, além do programa de manejo de rejeitos e do monitoramento, que identifica o local e a origem do problema, o tratamento de esgoto é a principal arma para a recuperação do rio. “O Rio Doce sempre foi poluído, mais por bactérias vindas de esgoto, tanto industrial quanto doméstico, do que por metais. Mandar água limpa de volta para os rios é o sonho de qualquer pessoa que trabalha com água”, disse ela.